"Olhando assim eu sempre penso: estas casas sempre estiveram aqui! As mesmas casas e as mesmas famílias."
Antigamente era Rua Dois... Hoje o nome é outro, o nome de alguém que ninguém nunca conheceu nem tão pouco ouviu falar.
Na Rua Dois muita gente nasceu, cresceu, fez outra família, teve filhos que crescem ali e ali terão seus filhos também. Muitos já não moram mais lá porque foram viver em outro lugar no além: Dona Hilda, 'Seu' Albino, 'Seu' Irineu e sua esposa, Dona Alice, 'Seu' Joaquim... Mas seus filhos, netos ainda moram na mesma casa. Pessoas que escolheram aquele lugar pra viver e formar família e fincar raízes, diferente do que vemos hoje: as pessoas vivem mudando. Testemunhas e contadores de histórias ricas.
Na época que contavam histórias eu era apenas uma criança em meio a roda de conversa dos adultos.
Ouvia tudo fascinada, sem questionar se era verdade ou não. O que sabia é que era bom poder ouvir tudo aquilo e o modo com que contavam - tão cheios de entusiasmo e energia - deixava as histórias muito mais interessantes.
Histórias que - assim como os moradores da Rua Dois - fincaram raízes na minha memória. Histórias de espíritos, assombrações de vida e de morte.
Hoje recomeço as Crônicas da Rua 2 de um modo diferente. Vou deixar a estória fictícia de lado e tentar reproduzir tudo o que vi e ouvi. Talvez, em uma história ou outra eu mude apenas os nomes e não me preocuparei em colocar datas exatas porque não lembro das ordens dos acontecimentos.